Disnatremias: Diagnóstico, Sintomas e Tratamento | Hiponatremia e Hipernatremia
23 de setembro de 2025

A hipertensão arterial continua sendo a principal causa de mortalidade cardiovascular no Brasil e no mundo. Em 2025, foi publicada a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (DBHA 2025), fruto de sociedades médicas como a de Cardiologia, Nefrologia e Hipertensão. O documento traz recomendações baseadas em evidências e inclui pela primeira vez um capítulo específico para o Sistema Único de Saúde (SUS), relevante porque a maioria dos pacientes hipertensos é acompanhada na atenção primária.

O que muda: 12×8 agora é pré-hipertensão

A principal novidade da diretriz é a reclassificação de valores a partir de 120/80 mmHg. Essa faixa, antes considerada normal, agora é definida como pré-hipertensão. O objetivo é identificar indivíduos em risco desde cedo e estimular intervenções de estilo de vida mais rigorosas.

Classificação da pressão arterial em adultos

Classificação Sistólica (mmHg) Diastólica (mmHg)
Normal < 120 < 80
Pré-hipertensão 120–139 80–89
Hipertensão Estágio 1 140–159 90–99
Hipertensão Estágio 2 160–179 100–109
Hipertensão Estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Como medir corretamente a pressão

A diretriz reforça que o diagnóstico só é confiável se a aferição for feita com técnica adequada: paciente sentado por 5 minutos, sem falar, pés e costas apoiados, sem cafeína ou cigarro nas últimas 30 minutos. A recomendação é usar equipamentos automáticos de braço e calcular a média das duas últimas de três medidas.

Ferramentas adicionais

  • MAPA (Monitorização Ambulatorial 24h)
  • MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial)

Esses métodos são essenciais para identificar hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada.

Diagnóstico e confirmação

  • Hipertensão é diagnosticada quando a pressão de consultório é ≥140/90 mmHg em duas ocasiões diferentes.
  • Em casos de lesão de órgão-alvo ou doença cardiovascular, o diagnóstico pode ser feito sem repetição de medidas.
  • O uso de MAPA e MRPA é recomendado sempre que disponível.

Estratificação de risco cardiovascular

A diretriz orienta avaliar fatores de risco, presença de lesão de órgãos-alvo e calcular o escore PREVENT. Esse processo ajuda a definir se um paciente em pré-hipertensão deve apenas ajustar o estilo de vida ou iniciar tratamento medicamentoso.

Medidas não medicamentosas

As intervenções de estilo de vida são universais para todos os pacientes com pressão ≥120/80 mmHg:

  • Dieta DASH com redução de sódio e aumento de potássio
  • Prática regular de atividade física
  • Controle do peso (IMC entre 18–24 kg/m²)
  • Limitação do consumo de álcool
  • Cessação do tabagismo
  • Controle do estresse e sono adequado

Essas medidas devem ser recomendadas ainda na fase de pré-hipertensão.

Quando iniciar tratamento medicamentoso

Indicações principais

  • PA ≥140/90 mmHg: iniciar medicamentos imediatamente.
  • PA entre 130–139/80–89 mmHg: considerar medicamentos após 3 meses de medidas não medicamentosas se o risco cardiovascular for alto.
  • Idosos frágeis e maiores de 80 anos: preferir monoterapia e titulação gradual.

Classes de medicamentos

  • Inibidores da ECA (IECA)
  • Bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA)
  • Bloqueadores de canais de cálcio (BCC)
  • Diuréticos tiazídicos
  • Betabloqueadores (indicações específicas, como DAC ou IC)

A associação inicial de dois fármacos em doses baixas, preferencialmente em comprimido único, é a estratégia de escolha para a maioria dos pacientes.

Metas de tratamento

A meta geral para a maioria dos pacientes é manter a pressão arterial abaixo de 130/80 mmHg.
O seguimento deve ser realizado a cada 4 semanas até atingir o controle, com ajuste terapêutico sempre que necessário.

Diretriz aplicada ao SUS

A DBHA 2025 dedica recomendações específicas para a rede pública de saúde:

  • Protocolo padronizado de aferição
  • Busca ativa de hipertensos
  • Uso da RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) quando não houver acesso a comprimidos únicos
  • Critérios de encaminhamento para atenção especializada

Essa abordagem busca tornar viável a aplicação prática das diretrizes no cenário real da atenção primária brasileira.

Impactos práticos

Para os pacientes

Mais pessoas serão classificadas como em risco e terão de iniciar mudanças de estilo de vida ou até mesmo tratamento.

Para os médicos

Haverá maior necessidade de reforçar orientações de prevenção já na fase de pré-hipertensão e ajustar estratégias de controle rigoroso.

Para a saúde pública

A mudança pode ampliar a pressão sobre o sistema, mas também reduzir complicações graves a longo prazo, como AVC e infarto.

A nova Diretriz Brasileira de Hipertensão 2025 redefine 12×8 como pré-hipertensão e reforça o papel do diagnóstico precoce e da prevenção. Para médicos, estudantes e candidatos à residência médica, conhecer essas atualizações é essencial para a prática clínica e para os exames. A meta de tratamento mais agressiva (<130/80 mmHg) e a valorização do estilo de vida representam uma estratégia mais proativa, alinhada com evidências globais.

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