Atualizações do ATLS 11ª edição que podem cair no Revalida 2025
12 de agosto de 2025

O Advanced Trauma Life Support (ATLS) é uma das principais referências mundiais no atendimento inicial ao paciente politraumatizado, e suas diretrizes têm impacto direto nas provas do Revalida. A 11ª edição do manual foi lançada oficialmente nos Estados Unidos e já começou a influenciar questões cobradas pelo INEP — inclusive antes de sua tradução e implementação oficial nos cursos brasileiros.

Isso significa que, mesmo sem a versão em português disponível no Brasil, as novas orientações podem aparecer na prova. Como o conteúdo foi atualizado e algumas condutas mudaram de forma significativa, estar por dentro dessas alterações é fundamental para evitar erros, principalmente em questões objetivas que exigem atenção a detalhes técnicos.

Neste artigo, reunimos as principais mudanças trazidas pela 11ª edição do ATLS, de forma objetiva e focada no que realmente pode cair no Revalida 2025. A partir daqui, você terá um resumo prático das atualizações mais relevantes, pronto para reforçar seus estudos e aumentar sua segurança na hora da prova.

O que mudou no protocolo de atendimento ATLS

Uma das alterações mais marcantes da 11ª edição do ATLS foi a padronização do protocolo de atendimento inicial. Antes, no ambiente hospitalar, utilizava-se o ABCDE, enquanto no pré-hospitalar era adotado o XABCDE. Agora, ambos os cenários seguem o mesmo modelo: XCDE.

O elemento “X” refere-se à exanguinação — hemorragias externas graves e compressíveis capazes de levar o paciente à perda quase total da volemia em poucos minutos. Nesses casos, o controle do sangramento passa a ser a prioridade absoluta, antecedendo qualquer outra etapa, inclusive a via aérea.

O manejo do “X” envolve três abordagens principais:

  1. Compressão direta — aplicação de pressão firme com compressa sobre o foco de sangramento.
  2. Packing (pacotamento) — introdução de compressas diretamente na lesão, mantendo pressão local.
  3. Torniquete — reposicionado definitivamente como recurso válido e seguro, aplicado de 5 a 8 cm acima do ponto de sangramento, devendo ser mantido até o controle efetivo da hemorragia.

Essa mudança alinha o ATLS à prática pré-hospitalar já consolidada e reforça a importância do manejo rápido e eficiente das hemorragias externas potencialmente fatais.

Via aérea na ATLS 11ª edição

O controle da via aérea continua sendo uma etapa crítica no atendimento ao trauma, mas a 11ª edição do ATLS reforça ajustes importantes na abordagem e nas indicações. Agora, a prioridade é garantir uma via aérea definitiva antes mesmo da estabilização da coluna cervical, quando necessário, especialmente em situações de risco iminente à vida.

Para que uma via aérea seja considerada definitiva, ela deve cumprir três critérios:

  1. Tubo na traqueia.
  2. Balonete insuflado.
  3. Acoplado a uma fonte de oxigênio.

A intubação orotraqueal permanece como o método preferencial, de preferência utilizando intubação de sequência rápida — procedimento realizado de forma controlada, com administração ágil dos medicamentos, mas sem pressa excessiva na execução para evitar erros.

Outra atualização importante é que a traqueostomia deixou de ser recomendada nas situações de emergência. Agora, a conduta indicada para adultos que necessitem de via aérea cirúrgica é exclusivamente a cricotireoidostomia cirúrgica. No caso de crianças, a preferência é pela cricotireoidostomia por punção.

O manual também orienta não ultrapassar três tentativas de laringoscopia; após isso, deve-se mudar de estratégia, utilizando dispositivos supraglóticos (como máscara laríngea) ou partindo para via aérea cirúrgica, se indicado.

Alterações no manejo do trauma de tórax

O atendimento ao trauma torácico também recebeu ajustes relevantes na 11ª edição do ATLS. Uma das mudanças mais comentadas foi a atualização do local para punção de alívio no pneumotórax hipertensivo, que agora pode ser realizada no 2º espaço intercostal na linha hemiclavicular (além do tradicional 5º espaço intercostal, linha axilar média, usado para drenagem em selo d’água).

No “B” da avaliação primária, permanecem os seis diagnósticos imediatos que exigem condutas rápidas:

  • Obstrução de via aérea por corpo estranho.
  • Lesão de árvore traqueobrônquica.
  • Pneumotórax hipertensivo.
  • Pneumotórax aberto.
  • Hemotórax maciço.
  • Tamponamento cardíaco.

A grande novidade está na definição de hemotórax maciço. Antes, o diagnóstico era baseado exclusivamente no volume drenado — saída imediata de mais de 1,5 L de sangue ou drenagem contínua acima de 200–400 ml/h por 3–4 horas. Agora, a classificação também considera a instabilidade hemodinâmica, mesmo que o volume drenado seja menor. Essa atualização dá mais flexibilidade à conduta, permitindo indicar toracotomia de urgência mais precocemente quando o quadro clínico exigir.

Essas mudanças reforçam a importância da avaliação dinâmica do paciente, evitando que critérios fixos atrasem intervenções potencialmente salvadoras.

Atualizações no manejo de queimaduras

O tratamento inicial das queimaduras também passou por mudanças relevantes na 11ª edição do ATLS, especialmente no que diz respeito à reposição volêmica e ao manejo das lesões na pele.

Entre as principais alterações:

  1. Início da hidratação já no pré-hospitalar
    • A indicação passa a considerar o peso do paciente e a superfície corporal queimada, permitindo iniciar a infusão antes da chegada ao hospital em casos graves.
  2. Mudança na fórmula de Parkland modificada
    • A fórmula continua sendo utilizada para queimaduras térmicas:
      2 ml x peso (kg) x % de superfície corporal queimada.
    • A diferença é na distribuição: antes, 50% do volume era administrado nas primeiras 8 horas e o restante nas 16 horas seguintes. Agora, todo o volume calculado é administrado de forma igual nas próximas 16 horas, priorizando o ajuste individual de acordo com a diurese e o quadro clínico.
  3. Retirada das bolhas (flictenas)
    • A orientação mudou: até a 10ª edição, não se manipulava as bolhas. Agora, recomenda-se removê-las em ambiente estéril para melhor avaliação da profundidade da lesão, reduzindo o risco de diagnósticos imprecisos.
  4. Uso de soluções cristalóides
    • Mantém-se o Ringer Lactato como solução de escolha para reposição volêmica inicial.

Essas mudanças refletem uma abordagem mais individualizada e dinâmica no manejo do paciente queimado, priorizando parâmetros clínicos sobre regras rígidas e incorporando condutas já defendidas por especialistas em cirurgia plástica e queimaduras.

Classificação do choque mais subjetiva

Na 11ª edição do ATLS, a avaliação do choque hemorrágico deixa de seguir um modelo totalmente rígido e passa a considerar mais as características individuais de cada paciente.

Antes, a classificação era baseada em tabelas fixas, que relacionavam porcentagem de perda volêmica, frequência cardíaca, pressão arterial e outros sinais vitais a graus específicos de choque. Agora, o foco está em uma avaliação clínica mais ampla, permitindo que o profissional interprete o quadro de forma contextualizada, sem depender exclusivamente de valores numéricos.

Essa abordagem busca evitar condutas padronizadas que possam atrasar ou inviabilizar o tratamento, reconhecendo que pacientes com o mesmo volume de perda sanguínea podem apresentar sinais vitais diferentes, dependendo de fatores como idade, comorbidades e uso prévio de medicações.

Entre os parâmetros ainda considerados importantes, a diurese continua sendo um marcador-chave para avaliar a eficácia da reposição volêmica e a perfusão tecidual.

Essa mudança é especialmente relevante para provas como o Revalida, pois exige do candidato capacidade de raciocínio clínico e não apenas a memorização de números e tabelas.

Implicações para a prova do Revalida 2025

As mudanças da 11ª edição do ATLS não são apenas atualizações técnicas — elas impactam diretamente a forma como questões podem ser elaboradas no Revalida. O INEP já cobrou conteúdos dessa nova edição na prova 2025.1, mesmo antes da tradução oficial no Brasil, e não houve possibilidade de recurso. Isso reforça a necessidade de incluir essas novidades no seu plano de estudos.

Entre os tópicos com maior probabilidade de cobrança estão:

  • XCDE como sequência oficial de atendimento.
  • Controle imediato de hemorragias externas graves e uso definitivo do torniquete.
  • Mudança no local da punção de alívio para pneumotórax hipertensivo.
  • Nova definição de hemotórax maciço considerando instabilidade hemodinâmica.
  • Alterações no manejo de queimaduras, especialmente hidratação precoce e retirada de bolhas.
  • Exclusão da traqueostomia como opção em via aérea cirúrgica de emergência.

Recomendações de estudo:

  • Revisar a sequência de atendimento com as novas prioridades.
  • Praticar questões objetivas sobre trauma, queimaduras e vias aéreas.
  • Refazer provas anteriores do Revalida, adaptando respostas às novas diretrizes.
  • Realizar simulações práticas para fixar protocolos atualizados.

Quem dominar essas atualizações terá vantagem na hora da prova, pois estará preparado para identificar mudanças sutis que podem confundir candidatos desatualizados.

Com isso

As atualizações da 11ª edição do ATLS representam mais do que ajustes pontuais: elas refletem uma tendência de tornar o atendimento ao trauma mais dinâmico, individualizado e alinhado com a realidade prática. Para quem está se preparando para o Revalida 2025, conhecer essas mudanças é indispensável, já que elas já apareceram em provas recentes e têm alto potencial de cobrança.

O momento agora é de foco total nos temas mais prevalentes e recorrentes, reforçando não apenas a memorização, mas o entendimento do raciocínio clínico por trás de cada conduta. Além disso, é fundamental treinar diariamente questões objetivas e simular cenários práticos, garantindo segurança e agilidade na tomada de decisão.

Para aprofundar cada ponto discutido aqui e entender detalhes técnicos que podem fazer diferença na sua prova, assista ao episódio completo do Medtask Pills com especialistas em trauma e cirurgia. Lá, você encontrará explicações passo a passo das mudanças, com exemplos e raciocínio aplicado à prática clínica.

Mantenha-se atualizado, estude com método e constância, e lembre-se: cada questão que você resolve hoje é um passo mais próximo da sua aprovação e da conquista do seu CRM.